As eleições presidenciais esse ano foram marcadas por um processo cercado de falsas acusações, as famosas fake news, e de debates acalorados em redes sociais cada um defendendo seu candidato e seu posicionamento ideológico frente aos seus adversários. Natural tudo isso, afinal de contas vivemos uma Democracia… Opa! Mas, espera aí! A Democracia também foi muito discutida nesse processo, principalmente os riscos de um retrocesso democrático no Brasil diante da possibilidade da eleição de um ou outro candidato. Diante disso, faço uma questão para o leitor: Será que a nossa Democracia está em risco?
Como sabem, sou Historiador e muito interessado pela História Política do Brasil e vamos tentar, nas linhas abaixo, trazer alguns elementos para esta discussão tão polêmica. Primeiramente temos que nos esvaziar das paixões políticas e buscar analisar nosso contexto com o maior equilíbrio possível, afinal de contas, temos um governo eleito democraticamente e não nos cabe ficar estendendo as discussões eleitoreiras e que pouco interessam ao povo.
Primeiramente, olhando para a História do Brasil e comparando com nosso contexto atual ficamos mais tranquilos, pois nos dois outros momentos em nossa História que experimentamos governos ditatoriais, a ascensão daqueles se deu por vias não democráticas, que foram: “o Golpe do Estado Novo” (1937) e o “Golpe Militar” (1964), o que não se confirma com o momento do Brasil, pois tivemos um presidente eleito com votação expressiva e pela via mais democrática possível, o voto popular. Presidente que, mesmo antes de assumir, se compromete a respeitar a lei máxima do país, a Constituição.
No segundo ponto do debate, vale ressaltar que a Democracia e seus valores no Brasil tratam-se de uma construção histórica da sociedade brasileira que passam por diversas lutas, por direitos constitucionais na defesa da dignidade humana, pela representatividade das minorias, pelo sufrágio universal, por fortalecimento de instituições, entre outras. E vale ressaltar que tudo isso são conquistas e não benesses de um ou outro governo. E não vejo por parte da sociedade disposição em ceder naquilo que foi conquistado ao longo da nossa História. Esperamos sim, um governo que se preocupe com a superação da crise econômica que assola nosso povo, a violência e as drogas que atingem os jovens, que nos ofereça uma educação e saúde de melhor qualidade e que honre o dinheiro público afastando a corrupção dos órgãos governamentais.
Por parte da sociedade, cabe uma vigilância forte e sistemática e que não permitamos que nossos governantes avancem sobre nossos direitos. Não deixemos nunca calarem a nossa voz, muito menos, do nosso próximo. Continuaremos a cumprir com o nosso papel e defender sempre o direito universal do homem e do cidadão em ser livre para pensar e falar. Garantindo a máxima iluminista “Posso não concordar com uma só palavra sua, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-la”.
Flávio Puff, professor no IF