Advento – Espiritualidade e liturgia

A Igreja celebra a ação de Cristo através das ações litúrgicas envolvidas no cotidiano das pessoas. Essas ações se desenvolvem dentro dos tempos litúrgicos, que por sua vez fazem parte do Ano Litúrgico.

O Ano litúrgico é composto dos seguintes tempos: Advento, Natal, Tempo Comum (primeira e segunda parte), Quaresma, Páscoa. Dentro destes períodos celebramos ainda a figura da Virgem Maria e dos Santos e Santas.

O Advento é o primeiro tempo. Ele abre as portas deste belo itinerário litúrgico o qual somos convidados a percorrer. Vem do Latim Adventus, que significa Chegada, Vinda, Aquele que há de vir.

Somos envolvidos por uma grande expectativa pela vinda de Jesus. Um casal que espera a vinda de um filho sabe muito bem o que significa isto. A notícia, a alegria, os preparativos até que o Tempo se completa.

Na experiência de nossa fé, envolvidos por estes sentimentos celebramos a vinda de “Jesus Cristo no tempo e na história dos homens para trazer-lhes a salvação”.

A espera pela vinda de Jesus, desperta em nós a busca por atitudes espirituais. Não se trata de um tempo em que somos bombardeados pela sociedade que desperta o desejo pelo consumismo. É preciso alimentar a fé, perseverar na oração, preparar o coração com o sacramento da Penitência (confissão sacramental).

Alguns elementos sensíveis da liturgia aparecem em nossas comunidades como força que comunicam essa proximidade de Deus, entre os principais se destaca a coroa do Advento, constituída de quatro velas, reforçam a importância de uma comunidade que caminha na vigilância, com o desejo de conversão, na esperança e com alegria ao encontro da grande Luz, que é Jesus Cristo.

“O tempo do Advento se apresenta como um tempo de piedosa e alegre expectativa”

O Tempo do Advento envolve-se também de duas características: “sendo um tempo de preparação para as Solenidades do Natal, em que comemora a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, é também um tempo em que, por meio desta lembrança, voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos. Por este duplo motivo, o tempo do Advento se apresenta como um tempo de piedosa e alegre expectativa”.

O Tempo do Advento envolve-se também de duas características: “sendo um tempo de preparação para as Solenidades do Natal, em que comemora a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, é também um tempo em que, por meio desta lembrança, voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos. Por este duplo motivo, o tempo do Advento se apresenta como um tempo de piedosa e alegre expectativa”.

O Advento deste ano, abre-nos o ciclo litúrgico C, no qual, acompanharemos de modo particular os escritos do evangelista Lucas. Temos ainda duas celebrações Marianas importantes, Solenidade da Imaculada Conceição, em 8 de Dezembro e a Festa de Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira da América Latina, no dia 12.  Destaca-se ainda o terceiro domingo, como o Domingo da Alegria, (do latim Gaudete). Nesta ocasião permite-se o uso de paramentos Róseo.

Por se tratar de um tempo de expectativa, não podemos antecipar a alegria do Natal, assim, neste período, os instrumentos musicais devem ser tocados com moderação, omite-se o Hino de Louvor (Glória), bem como a ornamentação do altar, evitando assim a ostentação.

As três figuras bíblicas do Advento

Na perspectiva bíblica, os textos proclamados nas celebrações deste Tempo apresentam-nos algumas personagens que trazem em si o sentido desta expectativa, são eles: Isaías, João Batista e a Virgem Maria.

 O profeta Isaías – representa o povo da promessa, Israel

  • A Igreja, novo povo de Deus, une-se ao povo eleito na “expectação”.
    ● Isaías convoca o novo povo de Deus a colocar-se em atitude de espera e de preparação para o Reino messiânico.

João Batista – 2º domingo

  • É o profeta que faz a ligação entre o Antigo e o Novo Testamento.
    ● Anuncia a vinda do Messias e o mostra presente entre os homens.
    ● É o que batiza o Messias e o que testemunha a justiça e a verdade.
    ● Ele próprio é o testemunho de conversão e penitência.
    ● Convoca à conversão para receberem o Messias e para se preparar ao juízo final.

A Virgem Maria, Nossa Senhora da Expectação – 4º dom.

  • Maria já está grávida do Salvador. Ele já está presente, já se manifesta em Maria e por Maria, mas não totalmente.
    ● Ele ainda precisa nascer, ainda precisa de um “lugar”.
    ● Jesus deseja nascer em cada coração humano. Deseja que cada pessoa se torne “mãe” do Senhor.
    ● Torna-se “mãe”, a exemplo de Maria, quem acolhe sua palavra e a põe em prática (S. Francisco).

A Coroa de Advento

 Desde a sua origem a Coroa de Advento possui um sentido especificamente religioso e cristão: anunciar a chegada do Natal sobretudo às crianças, preparar-se para a celebração do Santo Natal, suscitar a oração em comum, mostrar que Jesus Cristo é a verdadeira luz, o Deus da Vida que nasce para a vida do mundo. O lugar mais natural para o seu uso é família.

Além da coroa como tal com as velas, é uso antigo pendurar uma coroa (guirlanda), neste caso sem velas, na porta da casa. Em geral laços vermelhos substituem as velas indicando os quatro pontos cardeais. Entrou também nas igrejas em formas e lugares diferentes, em geral junto ao ambão. Cada domingo do Advento se acende uma vela. Hoje está presente em escolas, hotéis, casas de comércio, nas ruas e nas praças. Tornou-se mesmo enfeite natalino. Já não se pode pensar em tempo de Advento sem a coroa com suas quatro velas.

Simbolismo da Coroa de Advento 

Pelo fato de se tratar de uma linguagem simbólica, a Coroa de Advento e seus elementos podem ser interpretados de diversas formas. Desde a sua origem ela possui um forte apelo de compromisso social, de promoção das pessoas pobres e marginalizadas. Trata-se de acolher e cuidar da vida onde quer que ela esteja ameaçada. Podemos dizer que a Coroa de Advento constitui um hino à natureza que se renova, à luz que vence as trevas, um hino a Cristo, a verdadeira luz, que vem para vencer as trevas do mal e da morte. É, sobretudo, um hino à vida que brota da verdadeira Vida.

A mensagem da Coroa de Advento é percebida a partir do simbolismo de cada um de seus elementos.

O Círculo

A coroa tem a forma de círculo, símbolo da eternidade, da unidade, do tempo que não tem início nem fim, de Cristo, Senhor do tempo e da história. O círculo indica o sol no seu ciclo anual, sua plenitude sem jamais se esgotar, gerando a vida. Para os cristãos este sol é símbolo de Cristo.

Desde a Antiguidade, a coroa é símbolo de vitória e do prêmio pela vitória. Lembremos a coroa de louros, a coroa de ramos de oliveira, com a qual são coroados os atletas vitoriosos nos jogos olímpicos.

Os ramos verdes

Os ramos verdes que enfeitam o círculo constumam ser de abeto ou de pinus, de ciprestes. É símbolo nórdico. Não perdem as folhas no inverno. É, pois, sinal de persistência, de esperança, de imortalidade, de vitória sobre a morte.

Para nós no Brasil este elemento é um tanto artificial e, por isso, problemático, menos significativo, visto que celebramos o Natal no início do verão e com isso não vivenciamos esta mudança da renovação da natureza. Por isso, a tendência de se substituir o verde por outros elementos ornamentais do círculo: frutos da terra, sementes, flores, raízes, nozes, espigas de trigo.

Para ornar a coroa usam-se também laços de fitas vermelhas ou rosas, símbolo do amor de Jesus Cristo que se torna homem, símbolo da sua vitória sobre a morte através da sua entrega por amor.

Deste modo, nas guirlandas penduradas nas portas das casas, os laços ocupam o lugar das velas.

Lembram os pontos cardeais, a cruz de Cristo, que irradia a luz da salvação ao mundo inteiro.

As velas

As quatro velas indicam as quatro semanas do Tempo do Advento, as quatro fases da História da Salvação preparando a vinda do Salvador, os quatro pontos cardeais, a Cruz de Cristo, o Sol da salvação, que ilumina o mundo envolto em trevas. O ato de acender gradativamente as velas significa a progressiva aproximação do Nascimento de Jesus, a progressiva vitória da luz sobre as trevas.Originariamente, a velas eram três de cor roxa e uma de cor rosa, as cores dos domingos do Advento.

O roxo, para indicar a penitência, a conversão a Deus e o rosa como sinal de alegria pelo próximo nascimento de Jesus, usada no 3º domingo do Advento, chamado de Domingo “Gaudete” (Alegrai-vos).

Existem diferentes tradições sobre os significados das velas. Uma bastante difundida:

  • a primeira vela é do profeta;
  • a segunda vela é de Belém;
  • a terceira vela é dos pastores;
  • a quarta vela é dos anjos.

Outra tradição vê nas quatro velas as grandes fases da História da Salvação até a chegada de Cristo. Assim:

  • a primeira é a vela do perdão concedido a Adão e Eva, que de mortais se tornarão seres viventes em Deus;
  • a segunda é a vela da fé dos patriarcas que creem na promessa da Terra Prometida;
  • a terceira é a vela da alegria de Davi pela sua descendência;
  • a quarta é a vela do ensinamento dos profetas que anunciam a justiça e a paz.

Nesta perspectiva podemos ver nas quatro velas as vindas ou visitas de Deus na história, preparando sua visita ou vinda definitiva no seu Filho Encarnado, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo:

  • o tempo da criação: de Adão e Eva até Noé;
  • o tempo dos patriarcas;
  • o tempo dos reis;
  • o tempo dos profetas.
Referencias
– Artigo do Padre Kleber Rodrigues da Silva  – Membro da Comissão de Liturgia do Regional Sul 1 – CNBB
– BECKHÄUSER, Frei Alberto, Coroa de Advento – história, simbolismo e celebrações, Vozes, 2006.

 

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