Neste dia 1° de maio, celebramos a Dedicação da Catedral Diocesana
A dedicação de um templo, como hoje a comemoramos em relação à nossa Catedral, na verdade diz respeito a três casas, como dizia um monge cartuxo (Lanspergius) na primeira metade do século XVI. Três casas.
A PRIMEIRA CASA DE DEUS, o santuário material, consiste em uma construção reservada ao culto divino e à realização de outros atos que dizem respeito aos bens necessários à nossa salvação. É certo que se pode e se deve orar em qualquer lugar; não há lugar onde não se possa rezar, como podemos ver hoje no Evangelho da Liturgia da Dedicação. É muito conveniente que tenhamos um local consagrado a Deus no qual, cristãos que formamos comunidade, possamos nos reunir, ouvir a sua palavra, louvá-lo e a ele orar juntos, e assim obter mais facilmente o que pedimos, como se lê no Evangelho: Se dois ou três dentre vós se põem de acordo para pedir alguma coisa, haverão de obtê-la de meu Pai[1].
A SEGUNDA CASA DE DEUS é o povo, a comunidade santa, que no templo realiza sua unidade, guiada, instruída e alimentada por um só pastor ou bispo. É a morada espiritual, da qual o templo, a igreja material, de pedra (ou de madeira…) é o sinal. O Cristo construiu para ele esse templo, a comunidade cristã, um templo espiritual; ele reuniu esse povo na unidade e o consagrou ao adotar todas as almas que deviam ser salvas e santificá-las. Essa morada é formada pelos escolhidos por Deus, passados, presentes e futuros, congregados na unidade da fé e da caridade nesta igreja una, filha da Igreja Universal ou Católica, e que se torna assim uma só com a Igreja Universal. Cada Igreja Diocesana ou Igreja Particular forma, com todas as outras a única Igreja Universal, que é como que a Mãe de todas as Igrejas.
Ao celebrarmos a dedicação de nossa igreja e, cada ano, o seu aniversário, não mais fazemos que, em ação de graças, no meio de hinos e de louvores, nos lembrar da bondade que Deus manifestou ao chamar este pequeno rebanho para que o conhecesse. Concedeu-nos a graça não somente de nele crer, mas também de o amarmos, de nos tornarmos seu povo e seu rebanho, guardarmos seus mandamentos, trabalharmos e sofrermos por amor a ele, e de nos alegrar com ele.
A TERCEIRA CASA DE DEUS é cada alma santa, devotada a Deus, consagrada a ele pelo batismo, tornada templo do Espírito Santo e morada de Deus. Quando celebramos a dedicação dessa terceira casa, que se realizou em nós pelo batismo e pela confirmação, lembramo-nos do favor que de Deus recebemos: que ele nos escolheu, a cada um de nós, para em nós habitar mediante a sua graça.
Cristo, o Senhor, porque quis habitar em nós, dizia, como que para dar forma a sua construção: Dou-vos um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros[2]. É um mandamento que eu vos dou. E esta casa, como o mesmo Jesus predisse e prometeu, está edificada no mundo inteiro, espalhada pelo mundo inteiro. Cantar é próprio de quem ama, como diz Santo Agostinho. Cantai ao Senhor um canto novo, diz o Salmo. Um canto novo correspondente ao mandamento novo, o do amor. O que nos permite cantar celebrando a dedicação do templo material é o amor, é o fervor do santo amor. O que vemos realizado fisicamente nas paredes do templo de pedra deve realizar-se espiritualmente com as almas; o que vemos aqui realizado com as pedras e os tijolos é o que deve ser realizado em nossos seres inteiros, com a graça de Deus.
A Igreja seja particular ou diocesana só é dedicada a Deus por intercessão de um santo, a nossa tem como intercessor são Miguel Arcanjo, a quem devotamente confiamos a intercessão de nossa caminhada pastoral e de fé de nossa Igreja Particular.
São Miguel, Rogai por nós!
Para essa celebração, o missal dispõe a seguinte Liturgia da Palavra:
I Leitura: (Ne 8, 2-4a. 5-6.8-10) Salmo Responsorial – Sl 18, 8. 9. 10. 15
II Leitura: (I Cor 3, 9c-11.16-17) Evangelho: (Lc 19, 1-10 )