A pobreza continua a castigar milhares de pessoas pelo país afora. Não há dúvida de que a existência de 14,83 milhões de pessoas pobres, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que viveram, em 2017, com 136 reais mensais, aproximadamente R$ 4,50 por dia, revela a situação da sociedade brasileira. Prevalece o reino da injustiça, da corrupção, do desamor. Prolifera o fenômeno, indigesto, da desigualdade social.
O número de cidadãos desempregados cresce. O desemprego atinge 12,7 milhões de pessoas (IBGE) no Brasil, hoje. Famílias inteiras são prejudicadas por isso. Os índices de violência aumentam em vários espaços sociais. As pessoas ficam inseguras, sem expectativas, desmotivadas, doentes. A pobreza e a miséria continuam vitimando crianças, adolescentes, jovens, adultos. Tirando-lhes a esperança. Matando-os em vida.
Considerando esse cenário de desalento, preocupa ainda mais o aumento dos sem voz, daqueles que não se indignam com tal situação. Instituições sociais que se mantinham ao lado dos injustiçados não advogam mais com tanta veemência. Parecem sem rumo, sem clareza, sem convicção. As lideranças políticas, religiosas, comunitárias precisam despertar desse sono profundo ou sucumbiremos todos/as.
Nos versos da irmã Cecília Vaz Castilho, cantamos: “Se calarem a voz dos profetas, as pedras falarão.” Infelizmente, outras vozes se levantam autoritárias, poderosas, e gritam por meio dos políticos corruptos, dos populismos travestidos de boas intenções, dos jovens negros assassinados nas periferias das grandes cidades, do patrão autoritário que desrespeita direitos e assedia mulheres, das crianças que choram nos hospitais, dos jovens que perdem suas vidas em acidentes de trânsito ou no tráfico, do trabalhador rural sem terra para plantar, das famílias despejadas e sem teto… Não, não. As pedras continuam emudecidas. E as nossas vozes, covardemente, silenciadas.
Luís Carlos Pinto
Professor de Educação Básica
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