Todos os anos, no mês de agosto – tempo em que a igreja no Brasil convoca-nos a oração pelas vocações – o clero da diocese de Guanhães se reúne para o Retiro Espiritual anual. No segundo ano consecutivo este retiro aconteceu no centro Pastoral Enrichetta Onorante Michisanti, da Arquidiocese de Diamantina/MG. Nos dias 28 a 31 de agosto de 2017.
São Gregório, na sua Regra Pastoral, orienta: “O pastor não deixe, nas suas ocupações exteriores, enfraquecer seu cuidado com a vida interior; que na sua aplicação à vida interior, não negligencie o cuidado das ocupações exteriores.” Desse modo deverá conciliar contemplação e missão no seu cotidiano.
Os sacerdotes precisam de um momento de qualidade para “deixar de fazer coisas” e se preocupar com o seu “ser”. Deixar de cuidar, por um instante, dos outros e cuidar de si e assim voltar para a missão revigorado. É por isso que o pregador do retiro Dom Edson Oriolo usou como uma das inspirações bíblicas o trecho de Ex 3,1-5 em que Moisés é convidado a deixar um pouco o rebanho que apascentava, deixar suas atividades e “problemas” pra traz tirando a sandálias dos pés e deixando para fora do ambiente de encontro com Deus, para em seguida se tornar o líder do Povo. E como aconselha Santo Anselmo – disse o pregador – vamos fugir das nossas ocupações para estar com Deus.
Dom Oriolo, entre outros assuntos, falou da “violência neuronal” que boa parte dos sacerdotes padecem ou estão expostos devido as exigências do dia-a-dia, ao “superdesempenho”, à “supercomunicação” e à “superprodução” resultando num colapso. Os sintomas dessa violência neuronal é o esgotamento, a fadiga, a sensação de asfixia.
Esse excesso de atividades que gera essa violência neuronal faz com que pessoas mais próximas sofram também, já que ficamos intolerantes e perdemos paciência por qualquer motivo com o povo, principalmente os mais próximos, os que estão engajados nas pastorais.
São João Paulo afirma que “os encontros de espiritualidade sacerdotal, tais como os retiros, os dias de recolhimento e de espiritualidade, constituem ocasião para um crescimento espiritual e pastoral, para uma oração mais prolongada e calma, para um regresso às raízes do ‘seu ser padre’, para reencontrar vigor de motivações para a fidelidade e o impulso pastoral” (Pastores dabo vobis, n 80).
Coloquemos-nos igualmente e sempre, em oração pelos sacerdotes, para que Deus os revigore e o Espírito Santo os ilumine na missão.
Pe Bruno Costa Ribeiro