Pe José Adriano Barbosa dos Santos
Pensar no fim é, às vezes, mórbido, e, outras vezes, vital. A parte mórbida nos liga à própria ideia de fim; acabou, nunca mais, o que se fez está feito, o que não se fez, não se fará. Mas a parte vital nos conecta com a esperança, com a saudável e necessária atitude de prosseguir. Ir para frente, guiado pelas boas lembranças do que passou e motivado, apesar daquilo que não deu certo.
Este ano foi de grandes mudanças e instabilidade na vida de todos nós. Por causa da política, da economia e das relações instáveis, nossa fragilidade humana também se expôs de forma surpreendente. Mas o fim é também um convite a recomeçar. O Natal nos lembra isso. Tantos sonhos foram compartilhados por pessoas de fé. Parecem distantes de nós, mas não. Estão perto, muito mais que pensamos. Nunca vi ninguém mais esperançoso que Isaías. Nunca vi ninguém com uma fé como a de Maria, nunca vi ninguém com uma disponibilidade livre e sonhadora como José.
Vamos planejar nossas vidas, nossos caminhos e projetos, mas deixemos que Deus também atravesse nossa estrada. Vamos fazer de nós, engenheiros de nosso futuro, mas deixemos que Deus arquitete nossos pensamentos pontilhando-os com aquele brilho inconfundível que guiou os magos do oriente até Jesus. Sejamos donos de nossas vontades, mas abramo-nos à possibilidade de a educarmos para uma vontade maior.
O pensamento sobre o fim que queremos não é o mórbido, nem o fúnebre, nem o amargo, mas o fim que possibilita sonhar de novo. Que possibilita reescrever algumas linhas tortuosas de nossas vidas. Todos merecemos a chance de recomeçar, de renascer. Todos merecemos olhar a vida e exigir um pouco mais dela, sabendo que estaremos exigindo de nós mesmos. E Deus, como um treinador na linha divisória, continua dando gritos motivadores para que nós, os jogadores em campo suemos a camisa, numa partida em que o mais importante é jogar, o mais importante é viver.
Ame, sonhe, viva, creia. Renasça! Um feliz Natal a todos e um ótimo ano que se inicia!