Chegada a plenitude do tempo… o Verbo se fez carne e veio habitar entre nós! (Jo 1,18).
O ano litúrgico se desenvolve em torno de duas grandes festas: Páscoa e Natal ou manifestação do Senhor. A Páscoa que compreende a quaresma, as festas pascais, o tempo pascal até Pentecostes; o Natal que envolve o advento e a Epifania, formam os dois grandes ciclos, que explicitam em perspectivas diversas o único mistério de nossa redenção, ou seja: a encarnação, paixão, morte, ressurreição, ascensão de Jesus Cristo, juntamente com o derramamento de seu Espírito e sua segunda vinda ( SC 102). O tempo “ eterno “ de Deus invade o limitado tempo humano e, pela força pascal do Espírito, o torna sacramental: dentro do nosso tempo mortal o desígnio do Pai vai se manifestando e realizando, até o dia de sua vinda final e gloriosa. Pela ação misericordiosa de Deus, o nosso tempo torna-se tempo de graça, tempo de salvação!
Como se realiza este mistério no Ciclo do Natal?
Neste tempo fazemos memória, revivemos a vinda e manifestação do Senhor e de seu Reino, em nossa carne, em nossa história, assumindo nossa realidade na pessoa de Jesus de Nazaré.
Podemos dividi-lo em três etapas:
1-A primeira, de preparação, de “gestação”: é o tempo do Advento.
2-A segunda, de chegada, de realização, é a festa do Natal.
3-A terceira, finalmente, de manifestação e “divulgação”, é a festa da Epifania.
O Advento como realidade simbólico-sacramental.
A realidade significada: O tempo do advento nos prepara para acolher o Senhor que vem e se manifesta a nós. Esta manifestação se dá em dois aspectos: a manifestação em nossa carne ao nascer, que constitui sua primeira vinda e sua manifestação gloriosa, no final dos tempos, sua segunda vinda. Este duplo sentido determina a organização do advento: o advento escatológico que vai do primeiro domingo do advento ao dia 16 de dezembro inclusive; o advento natalício, como preparação mais imediata para a festa do Natal, do dia 17 ao dia 24 de dezembro.
É um tempo que nos coloca em permanente expectativa da vinda, da chegada de Deus e de seu Reino em nossa realidade. Abre-nos para o encontro com o Senhor que vem nos acontecimentos da vida e, particularmente, no momento celebrativo, comemorando o Senhor que veio e fazendo-nos dar um passo à frente ao encontro do Senhor que virá glorioso, quando seu Reino estiver plenamente estabelecido entre nós.
Toda a humanidade e a criação inteira estão em clima de Advento, de ansiosa espera,
aguardando a manifestação cada vez mais visível do Reino de Deus, em que “justiça e paz
se abraçam”, e todos os povos e culturas desabrochem felizes e reconciliados.
Sinais sensíveis:
Em cada celebração, neste tempo que antecede o Natal, somos convidados a proclamar profeticamente que o Senhor está chegando como libertador e seus sinais se manifestam nas lutas dos pobres e de todos os que com eles se fazem solidários na busca da dignidade humana e da paz.
Símbolos litúrgicos principais do Advento:
No 1º domingo os textos bíblicos nos chamam à atitudes de expectativa, vigilância e atenção aos “sinais dos tempos” para não sermos tomados de surpresa. No 2º domingo, Isaías e João Batista nos impelem a preparar os caminhos ainda tortuosos de nossa vida que impedem a chegada do Reino. É preciso indireitá-los, aplainá-los para que Ele venha e sua salvação aconteça entre nós. No 3º domingo somos convidados a nos alegrar percebendo os sinais da salvação já presentes entre nós. O Senhor está vivo e atuante no meio de nós. No 4º domingo, Maria grávida é sinal da comunidade que crê, espera ansiosa por ver o Reino acontecer e se coloca à disposição dos apelos de Deus para que seu projeto de realize.