Uma pequena vitória dentro de uma grande luta.
Desde 2011 venho ouvindo aos anciãos da comunidade, cujos relatos são considerados “relatos antropológicos” pela Fundação Palmares e pesquisando junto ao tabelião da cidade, Raimundo Zeferino de Pinho Carvalho, o qual, com grande acolhimento, forneceu muitas informações a respeito do Quilombo existente na Comunidade do Córrego frio, mais especificamente num local denominado “Robertos”.
O botânico Frances Auguste de Saint Hilaire em seu Livro “Viagens pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais”, registrou sua passagem por ali em 1817 relatando a existência do quilombo, já chamado “Robertos”.
Outra evidência encontrada é o Cemitério dos Henriques, cujo propósito inicial foi sepultar escravos que morreram em massa,
devido a uma epidemia, o dono da Fazenda de nome Henrique, cercou o local com madeira (braúna) e sepultou-os todos, a partir deste momento, todos os escravos foram sepultados neste local e ainda hoje o Cemitério está em uso pela Comunidade do Córrego frio e as comunidades vizinhas.
Todas essas informações foram enviadas à Fundação Palmares em forma de: escritos, fotografias , relatos, gravações, e finalmente no dia 20 de maio o diário oficial publicou a certificação, nós a recebemos e no dia 04 de setembro de 2016, comunicamos oficialmente à Comunidade com a ilustre presença da psicóloga Marizéla Martins, de Guanhães, quem abrilhantou nosso dia, pois, além de profissional excelente também possui características notáveis que é o amor com que faz o seu trabalho e o acolhimento aos excluídos. Fez um trabalho genial com apresentações de vídeos e dinâmicas de grupo, provocando a participação e interação de todos. E para nossa alegria, agora é nossa parceira.
A certificação da Comunidade permite a solicitação de diversas políticas publicas disponíveis para Comunidades Quilombolas junto ao Governo Federal, o que é muito positivo para a Comunidade. Porém, o que realmente alimenta nosso sonho, gerado há mais de 20 anos com a participação nos Grupos de união e consciência negra, é a possibilidade de resgatar a história, memória e a cultura dos nossos antepassados, para a partir dela construir um futuro melhor.
Marlene Mateus – Paróquia São José de de Paulistas