Orientações diocesanas para a celebração da eucaristia
GUANHÃES DE 17 A 19 DE MAIO DE 2005
1. A mesa da Palavra e o altar têm a mesma importância na celebração, e por isto merecem o mesmo destaque.
2. Não existe um momento específico para marcar a presença de Cristo na Celebração, porque Cristo está presente em toda a celebração. Nas Orações Eucarísticas temos que levar em conta o “tempo sacramental” ou “tempo de Deus” e não o tempo cronológico.
3. No segundo milênio, deu-se muito enfoque ao aspecto da adoração eucarística em detrimento ao aspecto da refeição, por isso devem-se evitar devocionismos deslocados. O momento da celebração eucarística não é momento específico de adoração ao Santíssimo Sacramento, mas é uma celebração do Mistério Pascal, morte e ressurreição do Senhor, que se doa à comunidade celebrante como alimento. A adoração será feita em outra ocasião como numa Bênção do Santíssimo, numa Procissão de Corpus Christi, ou diante do Sacrário, mas não após a comunhão, quando o fiel acabou de receber Jesus. Neste momento ele deve voltar para o seu banco assentar-se, permanecer um pouco em silêncio e depois continuar a louvar a Deus com o canto da comunhão, junto com toda a Assembleia Litúrgica.
4. A liturgia é ação da Igreja, e por isso os ministros não podem arbitrariamente acrescentar ou tirar elementos. O próprio missal propõe muitas opções aprovadas e aceitas por toda Igreja. É recomendável ter familiaridade (conhecimento) com o Missal, principalmente a Introdução, que é um verdadeiro Curso de Liturgia. Que a celebração Eucarística seja preferencialmente comunitária. Que cada um faça, na liturgia, tudo aquilo e somente aquilo que lhe compete. Há a parte do presidente da celebração e a parte da assembléia celebrante. Não compete à assembléia rezar a doxologia final, nem a oração da paz. Ela deve participar com o Amém dito com expressão forte de quem está aprovando todo o Mistério celebrado. Não compete a nenhum leigo, mesmo que seja Ministro Extraordinário da Eucaristia, ajudar o Presidente da Celebração elevar o cálice ou âmbula na hora da doxologia. Evitar as repetições e explicações inúteis. Melhor primar pela clareza, brevidade, simplicidade, tendo claro que é o Mistério Pascal, que deve ser ressaltado em toda liturgia.
5. Que os Ministros da Eucaristia, cuja validade do ministério é de dois anos, sejam bem preparados e tenham formação permanente. Que sejam preparados também para a distribuição sobre as duas espécies e para a purificação dos vasos sagrados após a comunhão fora do altar da celebração, num lugar devidamente preparado com decoro o e respeito.
6. Que haja formação permanente para os coroinhas e sejam dispensados os que não estiverem querendo se comportar devida e respeitosamente durante a Liturgia Eucarística. Que a campainha seja abolida a não ser em grandes celebrações campais.
7. Nenhum leigo tem autorização de fazer a parte do diácono durante a celebração eucarística, a não ser os Ministros Extraordinários da Eucaristia na purificação dos vasos sagrados após a comunhão, quando, como recomendamos, sejam purificados fora do altar da celebração.
8. Manter a tranqüilidade, a calma, a simplicidade da celebração e do ambiente. Nada deve ficar sobre o altar: cruz, velas e flores. Tudo deve ser colocado ao lado do altar. A toalha do altar não deve cobrir completamente a mesa, pois a mesa do altar simboliza o próprio Cristo. Se a assembléia não tiver o texto, é conveniente que o leitor ajude no Refrão do Salmo Responsorial e nas respostas do povo. Recomenda-se não dramatizar ou dar destaque especial “às palavras da Consagração” ou recordação da ceia para não quebrar a unidade da Oração Eucarística, que é toda dirigida diretamente ao Pai. A cadeira do presidente deveria ficar ao lado do altar, em lugar visível a todos. O Ato Penitencial não é especificamente momento de pedir perdão, mas momento de reconhecer nossa pequenez diante do mistério, por isso evitar gestos que lembrem a absolvição. O canto deve durar o tempo necessário da ação correspondente e ser apropriado com a liturgia do dia.
9. Fazer tudo para resgatar a centralidade do Mistério Pascal e da dimensão comunitária. O desafio da inculturação é como acolher as manifestações culturais sem ofuscar o essencial do mistério. A fração do pão lembra o compromisso ético e social da Eucaristia. “Fazei isto em memória de mim…” compromete o povo celebrante na doação de sua vida com Jesus à comunidade. Temos que nutrir em nós um sentimento de abertura ao novo, a participação efetiva do povo, e despojarmos do nosso arraigado clericalismo e postura de dono das ações eclesiais. É importante levar em conta o que o povo tem a dizer sobre a atuação do padre, com acolhida e desejo de melhorar, pois somos nós que nos consagramos a serviço do povo e não o povo que se consagrou a nosso serviço. Como presbitério, temos que ter a preocupação com a caminhada em comum, dando tempo para uma melhor assimilação das propostas. Precisamos suportar as angústias por vermos muita distância entre o ideal e as reais possibilidades de cada um, como também nos alegrar pela possibilidade do estudo e aprendizagem constante.
10. Formar equipes de leitores que proclamem de fato a Palavra com a dignidade que ela merece; evitar comentários antes das leituras; começar lentamente a evitar o uso de folhetos litúrgicos; fazer uso do Lecionário; valorizar a mesa da Palavra e fazer as leituras diante do ambão, para destacá-la mais; insistir no silêncio e na escuta da Palavra; após a homilia, é bom que se faça um pequeno silêncio para interiorização.
11. Dispor o altar com simplicidade; consagrar partículas suficientes para os comungantes, deixando as reservas para a finalidade própria: culto fora da missa e comunhão dos enfermos e esforçar-se pela distribuição da Eucaristia nas duas espécies; de preferência, usar apenas um cálice e uma âmbula para a consagração; que haja uma escolha criteriosa com antecedência dos Prefácios e Orações Eucarísticas de acordo com o contexto da celebração; a aclamação do Mistério da Fé, após a consagração, poderá ser cantada, evitando-se, neste momento, quaisquer outros hinos da piedade popular; que o presidente mantenha uma postura orante durante a celebração; no momento da comunhão, excluir cantos temáticos, de adoração ao Santíssimo e de cunho individualista; no momento do Cordeiro de Deus, elevar a hóstia e fracioná-la à vista de todos.
12. Selecionar os avisos com antecedência; evitar as homenagens dentro da celebração. Que tal deixá-las para depois da Bênção final? Valorizar as várias fórmulas de bênçãos oferecidas pelo missal; despedir o povo, se possível, retomando brevemente o tema da Liturgia.