“Diante da agonia de Jesus, fazer memória da agonia da Terra
A Natureza está sendo vergonhosamente atacada e dizimada pela implacável crueldade humana. Arrancaram suas vestes e a desnudaram. Suas matas e florestas estão sendo destruídas, adulteradas e saqueadas.
A desolação estendeu-se sobre seu corpo; lançaram fogo sobre suas vestes… Poucos correm para socorrê-la. Muitos estão cegos e insensíveis. Observam-na agonizando, enquanto contam seus lucros insaciáveis.
A Terra já não consegue respirar como outrora; sente-se sufocada, febril e doente. Detritos e gases asfixiam-na. Ela sente-se sozinha e indefesa.
Ouço o grito de Jesus na Cruz; ouço os últimos gritos da mãe Terra.
Na oração: Estou assombrado diante da revelação das Três Pessoas Divinas no Gólgota, humilhando-se para dar à luz um novo cosmos de espaço, tempo e matéria.
Penso com espanto na Trindade humilhando-se ao dar completa liberdade ao seu amado cosmos, em vez de impor um controle total.
Maravilho-me diante de Seu amor, demonstrado em sua própria doação e expresso através de toda a evolução ao fazer com que as criaturas fossem adquirindo cada vez maior liberdade, culminando na liberdade humana, capaz de dirigir toda mudança futura.
Ao pé da Cruz, comovo-me no mais profundo de meu ser diante do poder misericordioso de Deus, muito mais efetivo através da doação que através do uso da força.
Dou graças a Jesus na Cruz por ter-me revelado agora que todas as lutas do cosmos durante todas as eras foram experimentadas pela Trindade bondosa. Reflito com espanto que a verdadeira história da vida de Deus inclui toda a agonia da evolução: extinções em massa de espécies, a necessidade cruel da cadeia de alimentação, parasitas, epidemias, bosques arrasados, guerras, crianças famintas, o horror da avareza e a indiferença da humanidade…
Pe. Adroaldo Palaoro