Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamei-vos amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos dei a conhecer.
Eis as palavras de Jesus de Nazaré dirigidas aos discípulos. Recorro a este texto para refletir sobre a amizade. Em tempos de discórdia, de relações fugazes, de amizades inconsistentes, de intolerância de todo tipo, a amizade ainda continua a nos envolver como a decisão ética mais completa que um ser humano pode tomar.
Milhares de amigos aparecem nas redes sociais. Existe uma exigência quase inadiável de curtir, compartilhar, comentar momentos. Viver requer essa satisfação provocada por todos os que se alegram com os instantes que são nossos, da nossa intimidade ou familiaridade. E parece quase uma fatalidade quando ninguém ao menos demonstra interesse por aquilo que vivemos ao longo do dia ou escrevemos sobre alguma coisa.
Estamos cada vez mais próximos dos distantes e separados, pelos dispositivos mais evoluídos tecnologicamente, dos próximos. As redes sociais, os celulares, os mecanismos de comunicação, tomaram nosso cotidiano de forma assombrosa. Uma onda que invade não apenas as relações familiares, mas todos os espaços de convivência. Ainda não sabemos aonde isso pode nos levar.
Amigos ou servos?, Jesus nos orienta na direção do melhor. De tudo aquilo que ouvimos de bom, de todas as coisas que pudermos compartilhar nas relações interpessoais, resta o compromisso da semeadura, da boa notícia, do evangelho. Eis a missão mais urgente dos cristãos. O amigo nos auxilia, nos livra do mau caminho, não impõe fardos, mas toma-nos no abraço diário. Somos ou não somos amigos de Jesus!?
Luís Carlos Pinto
Professor da educação básica
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